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A importância da seção de Resultados em artigos acadêmicos

A função da seção de Resultados é apresentar objetivamente os seus resultados-chave, sem interpretação, em uma sequência ordenada e lógica, usando tanto materiais ilustrativos (tabelas e figuras) quanto texto.

Enquanto a seção de Métodos explica como os dados foram coletados, a seção de Resultados apresenta quais dados foram reunidos. Resumos de análises estatísticas podem aparecer no texto ou nas tabelas ou figuras pertinentes.

A seção de Resultados deve ser organizada em torno de uma série de tabelas e/ou figuras em sequência, para apresentar suas principais descobertas em uma ordem lógica. O texto da seção de Resultados segue essa sequência e fornece respostas para as perguntas ou hipóteses que você investigou. Resultados negativos importantes também devem ser relatados. Os autores geralmente escrevem o texto da seção de Resultados com base nessa sequência de tabelas e figuras.

Um erro comum é que os autores confundam as informações das seções de Resultados e de Discussão. No geral, há duas maneiras básicas de organizar os resultados:

  • Apresentando todos os resultados em uma seção, seguidos pela discussão (talvez em uma seção diferente)
  • Apresentando os resultados e a discussão em partes

O método de organização que você deverá usar dependerá da quantidade e do tipo de resultados obtidos em sua pesquisa. Você deve procurar um método de apresentação que torne as informações e ideias que você apresenta as mais claras possíveis para o leitor. O estilo geralmente é ditado pela revista alvo.

Quando a revista determina que os resultados e a discussão sejam duas seções separadas, observe a diferença em suas funções:

  • Resultados = Apresentação dos dados (as experiências mostraram que…)
  • Discussão = Interpretação dos dados (os experimentos sugerem que …)

Estilo da linguagem

A seção de Resultados deve ser escrita de maneira concisa e objetiva. Independentemente do campo de estudo, há algumas recomendações comuns:

  • Use a voz passiva, embora a voz ativa possa ser usada quando necessário
  • Use o tempo passado
  • Evite estruturas de parágrafos repetitivas
  • Não interprete dados aqui

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A transição para a linguagem interpretativa pode ser uma armadilha onde é fácil cair. Considere os dois exemplos a seguir:

Exemplo sem interpretação: A duração da exposição à água corrente teve um efeito pronunciado nas porcentagens cumulativas de germinação de sementes (Fig. 2). As sementes expostas ao tratamento de 2 dias tiveram a maior germinação cumulativa (84%), 1,25 vezes a dos grupos de 12 h ou 5 dias e quatro vezes a dos controles.

O exemplo acima destaca a tendência ou diferença na qual o autor deseja que o leitor se concentre. Agora considere o seguinte exemplo:

Exemplo com interpretação: Os resultados do experimento de germinação (Fig. 2) sugerem que o tempo ideal para o tratamento com água corrente é de 2 dias. Este grupo apresentou a maior germinação cumulativa (84%), com exposições mais longas (5 d) ou mais curtas (12 h) produzindo menores ganhos na germinação quando comparado ao grupo de controle.

Diferentemente do primeiro, este segundo exemplo desvia-se sutilmente para a interpretação, referindo-se a um valor ótimo (um modelo conceitual) e atrelando o resultado observado a essa ideia.

Estratégia de redação

Organize a seção de Resultados com base na sequência de tabelas e figuras que você inclui. Prepare as tabelas e figuras assim que todos os dados forem analisados e organize-os na sequência que melhor apresentar suas descobertas de uma maneira lógica. Uma boa estratégia é observar, em uma versão preliminar de cada tabela ou figura, um ou dois resultados-chave que você deseja abordar na parte de texto da seção de Resultados.

Aqui estão algumas regras simples a serem seguidas com relação às tabelas e figuras:

Diretriz #1: Tabelas e figuras são numeradas separadamente e na ordem pela qual você irá referir-se a elas no texto. Cada tabela ou figura deve incluir uma breve descrição dos resultados apresentados e outras informações necessárias em uma legenda.

  • Legendas de tabelas vão acima da tabela; as tabelas são lidas de cima para baixo.
  • Legendas de figuras vão abaixo da figura; as figuras geralmente são visualizadas de baixo para cima.

Dica 1!

Quando se refere a uma figura específica do texto, a palavra “Figura” é geralmente abreviada como “Fig.” — por exemplo, “Fig. 1”. A palavra “Tabela” nunca é abreviada — por exemplo, “a Tabela 1”.

Além disso, observe que a palavra “Figura” também não é abreviada quando usada no início de uma frase.

O corpo da seção de Resultados é uma apresentação baseada em texto das principais descobertas, que deve incluir referências a cada uma das Tabelas e Figuras. O texto deve conduzir o leitor através de seus resultados, enfatizando os principais resultados que respondem as questões investigadas. Os principais resultados dependem das suas perguntas; eles podem incluir tendências óbvias, diferenças importantes, semelhanças, correlações, máximos, mínimos, etc.

Cuidado!

  • Não reitere cada valor de uma figura ou tabela — apenas o resultado-chave ou as tendências que cada um transmite.
  • Não apresente os mesmos dados em uma tabela e em uma figura — isso é considerado redundante e um desperdício de espaço e energia. Decida qual formato melhor mostra o resultado e siga-o.
  • Não relate valores de dados brutos quando eles puderem ser resumidos como médias, porcentagens etc.

Diretriz #2: Os resumos de testes estatísticos (nome do teste, valor de p) são geralmente escritos entre parênteses em conjunto com os resultados biológicos que eles suportam. Escreva os seus resultados incluindo sempre a conclusão estatística que apoia a sua descoberta, com os dados entre parênteses. Esses dados entre parênteses devem incluir o teste estatístico usado e o nível de significância (o T estatístico e os graus de liberdade são opcionais). Por exemplo, se você constatou que a altura média dos alunos homens de cursos de Biologia era significativamente maior que a das alunas mulheres, você poderia relatar este resultado e sua conclusão estatística da seguinte forma:

Exemplo: Os homens (180,5 ± 5,1 cm; n = 34) eram em média 12,5 cm mais altos do que as mulheres (168 ± 7,6 cm; n = 34) no levantamento AY 1995 de alunos de Biologia (teste t de duas amostras, t = 5,78, 33 GL, p < 0,001).

Se as estatísticas resumidas forem mostradas em uma figura, a sentença acima não precisa relata-las especificamente, mas deve incluir uma referência à figura onde elas podem ser vistas:

Exemplo: Os homens tiveram uma média de altura 12,5 cm maior que a das mulheres no grupo AY 1995 de alunos de Biologia (teste t de duas amostras, t = 5,78, 33 GL, p < 0,001; Fig. 1).

Dica 2!

Observação sobre o uso das palavras “significativo” e “significativamente”

Em estudos científicos, o uso destas palavras implica que um teste estatístico foi empregado para tomar uma decisão sobre os dados. No nosso exemplo, o teste indicou uma diferença entre as alturas médias maior do que você esperaria obter apenas por acaso. Limite o uso das palavras “significativo” e “significativamente” apenas para este fim.

Se sua informação estatística entre parênteses incluir um valor de p que seja significativo, é desnecessário (e redundante) usar a palavra “significativo” no corpo da sentença.

Diretriz #3: Também relate resultados negativos — eles são importantes! Se você não tiver obtido os resultados esperados, isso pode significar que sua hipótese estava incorreta e precisa ser reformulada, ou talvez você tenha se deparado com algo inesperado que justifique um estudo mais aprofundado. Em ambos os casos, seus resultados podem ser importantes para outros pesquisadores, mesmo que eles não apoiem a sua hipótese. Não caia na armadilha de pensar que os resultados contrários ao que você esperava são necessariamente “dados ruins”. Se você tiver conduzido bem o trabalho, eles são simplesmente os seus resultados e precisam de interpretação. Muitas descobertas importantes podem ser atribuídas a “dados ruins”.

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