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8 dicas para explicar ciência para leigos e promover sua pesquisa

O mundo moderno está repleto de inovações tecnológicas possibilitadas por descobertas científicas. Devido ao sucesso de suas aplicações práticas, dizer que algo “tem comprovação científica” já confere total credibilidade ao assunto. Desde mudanças climáticas e edição de genes até a fabricação de vacinas, os principais debates da sociedade giram em torno de informações científicas. Mas o que é ciência? Como podemos diferenciar o científico do não-científico?

Uma observação, para ser considerada científica, precisa ser replicável. Uma proposição científica precisa ser passível de ser refutada, seja por observação ou por um princípio teórico. A falseabilidade é essencial para que uma ideia seja uma hipótese científica. Por outro lado, a “não-ciência” apresenta outras abordagens e tem as áreas de filosofia, teologia e arte como fontes de conhecimento humano. Ela também compreende o que é antiético à ciência: a pseudociência, que engloba tentativas de reivindicar um manto de verdade ao dizer que determinado fato é “científico”, mesmo que não tenha sido testado ou submetido à revisão por pares.

A demarcação entre o que é científico e não-científico é de grande importância para o desenvolvimento de novas políticas, para sistemas de saúde, para a área da educação e jornalismo, assim como para o bom funcionamento de agências de fomento. Recentemente, durante a pandemia de COVID-19 vimos o quanto a comunicação científica é essencial para a discussão de problemas mundiais. A verdade científica é a única forma de combater a desinformação que vem sendo tão disseminada atualmente. Também é fundamental educar aqueles que tomam decisões. Infelizmente, líderes podem não estar bem informados a respeito dos problemas mais graves que enfrentamos. Informar os formadores de políticas, idealmente, leva a políticas públicas baseadas em evidências. Além disso, quando a comunicação científica é bem-feita, ela é capaz de estimular o pensamento crítico e permitir que cientistas façam conexões entre diferentes campos de atuação, resultando em pesquisas interdisciplinares e descobertas inovadoras.

A ciência é a força por trás do avanço da humanidade e, como pesquisador, você pode ficar frustrado quando vê uma descoberta científica sendo mal interpretada. Muitos detalhes podem se perder na tradução: a informação é passada do laboratório para um periódico, depois de agências de notícias para vozes influentes e, finalmente, chega ao público. A melhor maneira para você garantir que as notícias sejam precisas é pular os intermediários e se comunicar diretamente com o público. A comunicação científica não é tão difícil quanto parece. A seguir, separamos 8 dicas úteis que você pode usar para explicar sua pesquisa para não-cientistas.

Vá direto ao ponto

como cientista, você é treinado para pensar, escrever e apresentar trabalhos seguindo a estrutura de um artigo, ou seja: fornecendo primeiro uma grande quantidade de informação que você levantou da literatura sobre o assunto. Já é algo tão habitual que pode passar despercebido, mas cientistas tendem a começar a explicar suas pesquisas com muitas informações básicas que podem confundir quem não é versado no assunto. Para o público, você precisará inverter essa abordagem. Fale primeiro sobre os principais pontos e descobertas, de forma concisa. Qual é a mensagem que você está tentando passar? Por que isso é importante? Depois de capturar a atenção do público, continue com os detalhes do assunto.

Dê exemplos

muitos conceitos abstratos são aprendidos através de exemplos. Lembre-se de como você aprendeu na época da escola, utilize exemplos de objetos e situações do dia a dia com os quais o público possa estabelecer uma relação.

Use analogias

alguns conceitos podem parecer bizarros para o público se não forem comparados com ideias mais simples. Relacione-os a ações e fenômenos comuns. Utilizar analogias, metáforas e comparações irá ajudá-lo com isso. Por exemplo, “a membrana celular é uma estrutura protetora que envolve todas as células. Como as paredes de uma casa, ela separa os ambientes interno e externo. A membrana celular contém proteínas que atuam como portões, determinando quais moléculas podem ou não entrar na célula”.

Evite jargões e abreviações

jargão é qualquer palavra ou frase que perde o significado quando você a usa com pessoas que não estão no seu campo. “Correr o gel” é um termo muito comum em laboratórios, ao invés de “realizar a eletroforese em gel”. Lembre-se que você não está conversando com colegas de trabalho e os jargões podem alienar o público externo. Abreviações também são bastante utilizadas por fornecerem uma economia de tempo útil. No entanto, pense em como aqueles com formação não-científica ouvirão sua mensagem. Embora você possa entender que PDF quer dizer “função de densidade de probabilidade” (probability density function), para o público, PDF é apenas um formato de arquivo.

Use palavras-chave

faça uso de palavras populares que as pessoas já conhecem. Ao mencionar palavras-chave, o público pode ter um melhor entendimento da sua pesquisa e poderão utilizá-las para buscar mais informações sobre o assunto. Quando as pessoas pensarem no que você disse, elas geralmente lembrarão do conceito básico, mais especificamente, das palavras-chave.

Faça a audiência visualizar os conceitos

pinte um quadro com palavras. Ao explicar alguma coisa, utilize exemplos com propriedades semelhantes para descrever os objetos com precisão de cor, temperatura, direção, para que o público possa visualizar o conceito. Por exemplo, a combustão do cálcio gera uma chama avermelhada como um tijolo. Sobre o Ficus repens, Darwin escreveu que “sobe pela parede como uma hera” e que o fluido produzido “tem a notável propriedade de não secar tão cedo; uma gota, do tamanho de meia cabeça de alfinete, estava levemente espalhada na lâmina de vidro”. Quase um poeta.

Use figuras e diagramas

muitas vezes pode ser difícil para o público chegar em um conceito apenas por meio da teoria, mas podem fazê-lo facilmente olhando para uma imagem ou diagrama. Quando necessário, use ilustrações para explicar o conceito científico, mas não exagere. Tente evitar usar diagramas complexos, gráficos e tabelas, pois o público pode perder o interesse.

Use redes sociais

essas plataformas são boas opções para atrair a atenção do público e para traduzir sua ideia científica em um formato coloquial que seja mais compreensívelAtualmente, um número cada vez maior de cientistas utiliza esses canais para compartilhar suas descobertas, se retificar e mostrar que cientistas são pessoas normais, e não a familiar imagem de um louco trancado no laboratório. A hashtag #SciComm, no Twitter, é um exemplo disso.

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