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Jovens pesquisadores: como conseguir financiamento para suas linhas de pesquisa?

Se você é um pós-doutorado aspirando alcançar posições mais altas ou um jovem pesquisador em início de carreia, você deve saber qual é uma das atividades que mais consome tempo: pensar em projetos e escrever pedidos de financiamento.

Atualmente, para ser um pesquisador bem-sucedido não bastam boas ideias; a pesquisa acadêmica exige muitos recursos para obter dados, sejam preliminares para montar boas e coerentes hipóteses, sejam para responder as perguntas e provar as questões levantadas. Isso porque a pesquisa básica é extremamente cara: manter um laboratório competitivo exige dinheiro para repor reagente consumíveis, adquirir novas tecnologias e manter os equipamentos já existentes em condições de uso. Como se não bastasse tudo isso, ainda é necessário ter dinheiro para pagar alunos (seja de graduação ou pós-graduação) ou pós-doutorados.

Entretanto a regra é que jovens pesquisadores tenham um dinheiro curto para desenvolver suas ideias. Para aqueles pesquisadores com muitos anos de carreira e uma extensa lista de artigos publicados, conseguir um financiamento de longo prazo para manter o laboratório é mais fácil do que para os jovens pesquisadores em início de carreira. Os desafios aos novatos são muitos: falta de tempo e sobrecarga de trabalho para treinar alunos novos, planejar aulas, dirigir um novo laboratório e escrever pedidos de financiamento de longo prazo. De fato, a taxa de aprovação de financiamentos a pesquisa nos Estados Unidos, que em geral já é bastante baixa, é notoriamente ainda mais baixa entre aqueles abaixo dos 40 anos.

Escrever um pedido de financiamento grande para dar suporte de longo prazo ao laboratório exige muito tempo e dedicação. Além disso, a taxa de sucesso de um pedido desse tipo é, geralmente, bem baixa. Assim, ter uma grande proposta de pesquisa negada pode custar meses de trabalho elaborando o projeto sem dinheiro nem mão de obra.

Além disso, na atual situação dos órgãos fomentadores de pesquisa (contingenciamento de verbas para dar suporte a pesquisa) obriga os pesquisadores em início de carreira a buscar fontes alternativas de fomento a suas linhas de pesquisa.

Busque fontes alternativas de financiamento

Existem diversas fontes de financiamentos menores: companhias farmacêuticas e de biotecnologia, editoras de revistas e até sociedades de pesquisa. Como exemplo deste último, a Sociedade Brasileira de Bioquímica todos os anos seleciona alguns pesquisadores em início de carreira para pagar a inscrição, o transporte e a estadia durante o congresso. Geralmente esses auxílios a pesquisa são de menor valor, mas exigem muito menos tempo para serem elaborados e as suas taxas de aprovação podem ser relativamente elevadas, muitas vezes superando os 50% dos pedidos. Além dessas, no exterior existem diversos financiamentos vindo de caridades e dos departamentos das universidades, muitas das quais são acessíveis a estrangeiros (algumas vezes parcerias com colaboradores locais são exigidas). Dentre esses financiamentos, existem oportunidades para se obter bolsas de estudos, financiamentos a pesquisa e até auxílios a viagem.

Para além desses, novas fontes alternativas de financiamento têm emergido. Uma delas são as famosas vaquinhas virtuais, ou crowdfundings. Em uma recente matéria da Nature, Jacquelyn Gill, uma paleoecologista de Ohio, disse como conseguiu levantar mais de $10.000 em crowdfundings para financiar parte dos custos de sua pesquisa de campo. Ela inicialmente tentou divulgar a importância de sua linha de pesquisa, destacando a vulnerabilidade da vida marinha e como conservação ambiental pode colaborar com a melhora do aquecimento global. Não adiantou. “Então, uma noite em um ato de desespero, comecei a postar no Twitter fatos falsos sobre pinguins, e o dinheiro começou a aparecer”.

Algumas dicas para jovens pesquisadores garantirem financiamento de pesquisa

A primeira grande dica é procurar para quais chamados de financiamento a sua linha de pesquisa é elegível. É sempre mais fácil convencer o seu público alvo da importância de sua pesquisa. Não perca tempo escrevendo uma proposta que sequer será analisada.

Tendo isso em mente, escreva um plano de pesquisa bastante conciso e claro. Faça um resumo falando da importância da pesquisa e de seus objetivos específicos, e discuta a metodologia e a abordagem experimental adotadas. Mostre que você pensou em todos os aspectos da pesquisa e que está preparado para conduzir a pesquisa proposta, incluindo como ponto forte as habilidades que você oferece e propondo quais outras habilidades serão adquiridas ao longo do processo.

Além disso, detalhe os recursos que serão utilizados ao longo do projeto: tenha um orçamento previsto realista e uma previsão de tempo a ser utilizado para coletar dados, interpretar e analisar resultados e escrever relatórios e artigos, sem subestimar nem superestimar cada um deles.

Por último, faça uma revisão detalhada do seu texto e da literatura. Não passe uma má impressão por apresentar um texto mal escrito e com erros gramaticais; um texto bem escrito e referenciado mostra que você está atento a todos os detalhes e conhece o estado da arte na sua área de pesquisa, e portanto sabe como abordar o tema corretamente e como a sua pesquisa vai ajudar a avançar o campo.

Ter uma rede de colaborações e contatos aumenta as chances de se obter financiamento

Atualmente a pesquisa acadêmica é multidisciplinar e depende de colaborações entre diversos grupos de diferentes áreas para conseguir ser competitiva e responder a perguntas de maneira completa. Ter colaboradores bem estabelecidos em suas áreas fortalece um pedido de financiamento de pesquisa e aumenta as chances de sucesso. Analogamente, ser um colaborador significa estar envolvido em múltiplos pedidos de financiamento, dado que os outros grupos potencialmente também pleitearão por mais financiamento com a sua colaboração.

Além disso, manter uma rede de contatos profissionais aumenta ainda mais as chances de se obter um financiamento de pesquisa. A tarefa de achar chamados específicos para a sua linha de pesquisa (dentro e fora do país) pode consumir muito tempo, e saber ao certo quem contatar para perguntar sobre possíveis linhas de financiamento pode abrir novas possibilidades. Conhecer pessoas de dentro das agencias de pesquisa é um excelente passo para ficar informado sobre futuros chamados e ter um projeto em mãos para quando ele for lançado. Ainda, ter colaborações internacionais ajuda a obter um maior alcance da sua pesquisa e abre possibilidades para se obter financiamentos de agencias de pesquisa de outros governos e continuar a avançar na sua carreira.

Portanto, todos os jovens pesquisadores deveriam explorar diversos meios de obter mais recursos para as suas linhas de pesquisa, sejam eles os mais convencionais como escrever projetos de pesquisa e estabelecer colaborações, sejam menos ortodoxos, como financiamentos vindo de caridades e de vaquinhas virtuais. Não tenha vergonha: todo esforço é compensado com cada centavo levantado para financiar a sua pesquisa!

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