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“Me escolham”: como escrever uma carta de interesse impactante

No Brasil, cada programa de pós-graduação (os famosos PPGs) tem o seu processo seletivo independente. Dessa forma, existe bastante variação nas regras das seleções. Mas há um documento que é quase sempre solicitado, tanto no Brasil como em outros países: a carta de interesse.

A carta de interesse, que também pode ser chamada de carta de intenção ou de apresentação, é redigida e apresentada pelo candidato à vaga. Nessa carta, você deve demonstrar a sua motivação em participar da seleção. Pense que essa é a sua oportunidade de convencer os avaliadores a escolher você. Então, você vai escrever uma carta para defender o seu caso: por que devo ser selecionado? Para isso, deve apresentar alguns argumentos e embasar esses argumentos com evidências convincentes, exemplos concretos da sua experiência e motivação.

Mas primeiro…

Antes de decidir fazer um mestrado ou doutorado, espero que você já tenha parado para refletir se quer realmente isso, diante da dedicação exigida e do potencial de muitos empecilhos que vão aparecer no meio do caminho. (Antes de começar leia as sugestões da Enago para decidir.) Agora se coloca no lugar dos orientadores e pensa que eles já passaram por isso. Então eles esperam encontrar algumas características nos estudantes que serão vistas como indicativos de que aquele estudante tem um bom potencial de ser bem-sucedido. Às vezes aquele orientador já trabalhou com algum estudante que não se adaptou bem, que atrasou a entrega da tese, ou que abandonou o doutorado (isso pode acontecer por diversos motivos), então ele quer evitar essas situações. Por isso é importante primeiro convencer a si mesmo de que tem a motivação e as qualidades necessárias, e depois convencer o PPG e os potenciais orientadores disso com a sua carta.

Contudo, tome cuidado com alguns detalhes na redação. Você não deve tentar impressionar os avaliadores. Claro, você tem que convencê-los, mas não precisa escrever aquilo que eles querem ler (ou o que você pensa que eles querem ler). Seja autêntico e conte um pouco sobre você, para dar uma ideia da sua personalidade, em vez de citar apenas as suas conquistas profissionais do ponto de vista técnico. Ainda nessa mesma ideia: você não deve apenas falar sobre o seu currículo e histórico nessa carta. As pessoas que o vão avaliar já têm essas informações detalhadas. O que é interessante é dar uma visão geral de tudo o que já fez, mas com um contexto de sentido pessoal. Entretanto, tome cuidado, não pode ser demasiado pessoal, mantenha o tom num nível profissional.

TOP 10 dicas para escrever a carta

Certo, escrever a tal carta não é uma tarefa trivial. Talvez você esteja meio confuso(a) sobre como proceder, mas não se preocupe. Muitas pessoas têm mesmo dificuldade em falar ou escrever sobre si mesma, ainda mais quando o objetivo é se “vender” ou fazer propaganda. Com certeza, você não quer parecer arrogante ou sem-noção. Não se apresse para escrever essa carta, você precisa de tempo para escrever com calma e revisar com cuidado o que escreveu. Para dar um rumo e aliviar essa leve confusão que pode estar passando pela sua cabeça agora, trazemos aqui 10 dicas como sugestões a serem levadas em consideração na hora de escrever.

  1. Conte sobre você. Esse é o tema central da carta. Descreva os seus interesses do ponto de vista acadêmico. Descreva a sua trajetória intelectual e por que decidiu investir no doutorado.
  2. Responda à lista dos porquês. Além do motivo pelo qual você decidiu fazer o doutorado, há outras perguntas acadêmicas que devem ser respondidas ao longo do texto. Por que essa universidade em particular? Por que esse tópico específico? Sempre da perspectiva da sua história, explique o que essa universidade tem de interessante para o que você busca. O tema: o que esse tema tem de especial? De onde surgiu esse interesse específico?
  3. Aborde qualquer “problema” do passado logo de cara. Se você teve alguma experiência que pode ser considerada uma mancha no seu currículo, como por exemplo, uma má nota, desistência de algum programa ou outras questões, é recomendado fortemente a abordar esse tema logo na sua carta. Não pense que essa questão será um problema. O problema seria dar uma impressão que você está escondendo algo ou que evita tocar naquele assunto. Aceite que falhas são eventos comuns na vida acadêmica e use isso pare demonstrar como você superou essas dificuldades.
  4. Demonstre a sua curiosidade intelectual. Essa é uma das características fundamentais para um bom pesquisador, então você tem que deixar isso bem claro. O que lhe deixa mais empolgado sobre a ideia de fazer pesquisa? Aqui você pode descrever alguns exemplos da sua história de vida demonstrando a sua curiosidade intelectual em ação.
  5. Fale sobre as suas habilidades. Observe que há diferentes tipos de habilidades que podem ser abordadas. As habilidades acadêmicas incluem conhecimento de técnicas específicas para a área ou conhecimento de programação, por exemplo. A escrita também é uma habilidade bastante valorizada na academia. As habilidades pessoais são importantes para qualquer trabalho: capacidade de se comunicar bem com os colegas, de trabalhar em equipe, de organização e administração do tempo. Dê exemplos de quando você utilizou essas habilidades. Se você considera que tem habilidades que foram desenvolvidas em outras experiências de trabalho, pode descrevê-las aqui também com exemplos. Enfatize as suas melhores qualidades.
  6. Cuidado para não falar demais da experiência profissional. Se você já trabalhou na sua área de formação, isso é interessante, mas não muito relevante para um doutorado. Pense se você consegue relacionar essa experiência prática com a sua motivação acadêmica ou o tópico de pesquisa, então é interessante mencionar na carta. Se não, deixa quieto.
  7. Não foque em ensinar. Muitos doutorandos pretendem ser professores universitários. Claro, você também será treinado (um pouco) para isso, mas não é o foco do doutorado. O foco é aprender a desenvolver pesquisa independente de alta qualidade. É isso que os PPGs e orientadores buscam. Então, mesmo que você ame o ensino e tenha esse objetivo, ele não deve se sobressair ao objetivo primário, que é a pesquisa.
  8. Muita atenção com a escrita. Muito cuidado com a estrutura do ensaio, a gramática e a digitação. Leia e releia, peça para um amigo ou parente ler, guarde e depois leia de novo. O seu interesse também está demonstrado no cuidado em apresentar aquela carta, então ela deve estar impecável.
  9. Indique a pessoa com quem você deseja trabalhar. De acordo com os seus interesses, deve pesquisar sobre o trabalho dos orientadores daquele PPG. Se puder conversar com o orientador do seu interesse antes mesmo da seleção e saber se ele aceitará novos alunos, melhor ainda. Pergunte ao professor se você pode mencionar isso na carta.
  10. Uma carta para cada aplicação. Jamais use o mesmo texto aplicando para diferentes seleções. Claro que você pode sempre utilizar alguns trechos em comum, mas deve escrever direcionado para aquela universidade, aquele PPG e linha de pesquisa em que pretende trabalhar caso venha a ser admitido…

Veja exemplos para se inspirar!

Mas lembre-se: a carta de interesse é só uma etapa da seleção. Leia aqui as dicas da Enago sobre todo o processo seletivo.

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