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Publicação de artigo falso ou plagiado em periódicos científicos

Para entender como é possível ter publicado um artigo científico falso, talvez seja interessante propor antes uma outra pergunta:  quão fácil é publicar num bom periódico? Quem já tentou publicar nos chamados periódicos “de ponta” de sua respectiva área sabe que a concorrência é acirrada, passando por critérios que vão da qualidade do material apresentado à qualificação do pesquisador e sua relevância em seu campo. Em retorno pelo esforço para publicar em periódicos renomados, o pesquisador tem a garantia de que seu trabalho será avaliado por pareceristas competentes e receberá grande visibilidade, além do respaldo curricular que a isso lhe afere.

Mas como publicar é preciso – ainda mais na época atual, que muitos classificam como os tempos do “publicar ou perecer” – e não há espaço para que todos publiquem nos melhores periódicos, muitos pesquisadores se contentam em publicar em periódicos de menor renome, o que não precisa ser um problema desde que se conheça e se confie na qualidade dos trabalhos publicados nos mesmos. O importante é que o pesquisador não publique apenas para que conste no currículo que ele publicou algo, porque isso pode lhe trazer mais malefícios que benefícios profissionais.

Controle de Qualidade

No Brasil, o Sistema WebQualis, criado pela Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, apresenta a classificação dos periódicos por área a partir de conceitos que vão de A1 a C. Quanto mais próximo de A1, maior o conceito do periódico, sendo possível ao pesquisador avaliar dentro desta escala quais periódicos intermediários são melhor qualificados e mais pertinentes a seus interesses profissionais ainda que não possuam conceito máximo.

No contexto acadêmico internacional a equação torna-se mais complexa porque não há uma centralização na conceituação dos periódicos e a maioria destes são empresas privadas ou parte delas. As questões financeiras que perpassam o funcionamento dos periódicos às vezes tomam o primeiro plano, fazendo com que os chamados “periódicos predadores” garantam a publicação de trabalhos de qualidade duvidosa visando a taxa de submissão. Ou seja: são empresas que se preocupam apenas com seus lucros e deixam de lado seu compromisso ético com a área na qual se inserem. Isso explica como um artigo científico falso, com erros gramaticais e muitos trechos plagiados pode ser aceito para publicação.  Há inclusive quem já tenha feito o teste, o caso de um repórter do Ottawa Citzen, que escreveu um artigo em tais moldes e conseguiu que o mesmo fosse aceito para publicação em oito periódicos.

Além da falta de compromisso ético e predatismo econômico, periódicos pouco renomados ou pouco comprometidos com sua função podem permitir a publicação de um artigo falso por falta de qualificação por parte de seus pareceristas ou equipe editorial. Alunos de graduação do MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts criaram uma página que gera artigos falsos e constataram que entre 2005 e 2013 mais de 120 destes artigos foram publicados em periódicos que realizam avaliação através do método de revisão por pares.

Publicando com qualidade

Estes casos que expõem a possibilidade de ter uma pesquisa falsa publicada chamam a atenção para a necessidade dos próprios pesquisadores “patrulharem” suas fontes e tornarem públicos casos de publicação de artigo falso. Outro aspecto fundamental é a pesquisa minuciosa sobre a qualidade dos trabalhos publicados em periódicos menos renomados antes de submeter artigos aos mesmos, sejam estes nacionais ou internacionais. Uma vez que a internet possibilita que estes veículos sejam publicados e disseminados mais facilmente, esta “vigilância” extra-oficial será cada vez mais importante à garantia de circulação de trabalhos de qualidade. Por fim, é preciso não perder de vista que publicar é fundamental, mas com qualidade.

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