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Como lidar com pesquisas tendenciosas

Ao contrário do que se possa imaginar, nem sempre a parcialidade em determinado ponto do fazer científico é mal intencionada. Considerando que pesquisas são realizadas por pessoas passíveis a equívocos e que pesquisadores possuem convicções acadêmicas e partem sempre de determinadas pressuposições para iniciar uma pesquisa, não é difícil entender como uma pesquisa tendenciosa pode ser desenvolvida sem que aquele que a realizou tenha deliberadamente tentado manipular os resultados obtidos.

Assim como a maioria dos males, a melhor forma de lidar com uma pesquisa tendenciosa – seja no seu próprio fazer científico ou ao buscar fontes de pesquisa – é prevenindo-se, ou seja: sabendo de antemão que nenhum pesquisador está totalmente isento disso e estando atento para identificar o modo como uma pesquisa tendenciosa pode ser desenvolvida e os tipos de análise que geralmente produz.

Ao produzir

A tendência do pesquisador, diga-se, sua área e linha de pesquisa, costuma muitas vezes guiar a forma como ele enxerga e lida com seus objetos e problemas de pesquisa. Porém, sem o devido cuidado essa filiação acadêmica pode conceber uma forma parcial de fazer pesquisa e isso pode vir a comprometer os resultados obtidos e o próprio respaldo do profissional. Para evitar que isso ocorra, é necessário ter em mente que uma visão tendenciosa pode comprometer de formas distintas os vários momentos da pesquisa, como o recorte, coleta de dados, análise e apresentação de resultados.

No que compete ao recorte, o pesquisador deve questionar-se se o mesmo atende de forma desejada aquilo que pretende analisar ou se exclui um grupo de controle ou parte da discussão que seja importante aos resultados; e, caso isso ocorra, o fato deve ser justificado e ponderado na apresentação dos resultados. A coleta de dados deve levar em consideração os procedimentos necessários para que todas as informações ou amostras recebam o mesmo tratamento e atenção. O mesmo é válido para a análise e apresentação de resultados, nas quais a tendência do pesquisador não deve levá-lo a privilegiar uma filiação acadêmica em detrimento de outra em sua argumentação.

Ao buscar fontes

No caso da busca por fontes de pesquisa, é necessário saber identificar uma pesquisa tendenciosa e isso pode ser um pouco trabalhoso, especialmente se o tema pesquisado não for exatamente a especialidade de quem realiza a pesquisa. O melhor a fazer é buscar pelos trabalhos mais citadas – geralmente aqueles que encontram maior aceitação por diferentes vertentes de uma discussão e cujos resultados já foram de certo modo validados por outros pesquisadores. Além disso, é importante ler trabalhos que apresentem lados diferentes de um mesmo problema de pesquisa para entender quais são os prós e contras de cada vertente.

Deve-se sempre desconfiar de pesquisas com poucos dados ou dados imprecisos, ou ainda cujas conclusões pareçam a simples atestação da tendência do pesquisador. O mesmo vale para pesquisas que apresentam um único ponto de vista ou recorte muito restrito e para aquelas que se propõem a grandes inovações mas sem sustentação científica ou respaldo de seus pares. Independente da tendência do pesquisador, os resultados apresentados devem se capazes de comunicar e sustentar-se cientificamente frente a qualquer vertente do tema.

Em resumo, a melhor forma de driblar uma pesquisa tendenciosa, seja no próprio fazer científico ou ao buscar fontes para sua pesquisa, é focar-se em resultados produzidos a partir do método científico – que não pareçam mera opinião ou intuição do pesquisador – e que se apóiem numa bibliografia confiável. A bibliografia é um excelente início para este finalidade, uma vez que demonstra de onde o pesquisador partiu para realizar seu trabalho e indica se o mesmo levou ou não em consideração o que há de relevante na área e as principais controvérsias que atravessam sua pesquisa para evitar um fazer científico tendencioso.

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