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Independência ou morte: para sobreviver na carreira científica, precisamos publicar em dias de semana e feriados

Sou um filho acadêmico da cidade de São Paulo, e durante o planejamento do meu casamento em um outro local distante, tive que viajar constantemente para organizar o local da cerimônia e da festa. Um dos fatos que mais me marcaram durante essas viagens era a quantidade imensa de papéis que carregava: documentos comprobatórios, cartões de visitas, panfletos de buffets… e claro, os meus artigos científicos.

No auge do meu primeiro Pós-doutoramento, eu precisava desesperadamente continuar publicando para conseguir me manter competitivo. Assim, apesar de eu querer aproveitar uma dessas viagens para simplesmente curtir um tempo livre, sempre me senti culpado em deixar o trabalho de lado por um tempo e aproveitar o momento.

Como muitos doutorandos (se não a maioria), não consegui escrever todos os meus artigos em tempo útil para a defesa. Restava apenas apertar o passo no trabalho e conseguir mais e melhores publicações, caso contrário correria o risco de não conseguir estender a minha bolsa e continuar a publicar.

Perceba que a minha vida (tal qual a da maioria dos pesquisadores) virou um ciclo vicioso: para eu publicar, precisaria trabalhar mais e conseguir um financiamento. Além disso, se eu conseguisse o financiamento, precisaria trabalhar mais para publicar e justificar o meu financiamento e futuros pedidos.

A vida acadêmica não permite margem para erros, e exatamente por isso muitos acadêmicos possuem múltiplos projetos. Tal qual a teoria de diversificação em investimentos, um pesquisador não deve colocar todas as suas esperanças em um único projeto. Tenha um único grande projeto que seja malsucedido, sem publicações, e dificilmente você terá uma segunda chance. Assim, claramente, ter que administrar múltiplos projetos leva a um estresse maior e cargas horárias que em outras carreiras seriam consideradas inadmissíveis.

No meio acadêmico americano, existe um termo cunhado para tal ciclo vicioso: ”Publish-or-perish” (“publique ou padeça” em minha tradução livre), que descreve esta pressão que acadêmicos sofrem do seu meio e acabam transformando em uma cultura de cobrança.

Como a pesquisa tem sido cada vez mais competitiva e integrada ao redor do mundo, a concorrência entre pesquisadores não se dá apenas localmente: todos os pesquisadores em início de carreira estão competindo com grupos maiores e com mais dinheiro ao redor do mundo. Assim, dificilmente um pesquisador provindo de um grupo pequeno, com recursos escassos (dinheiro e mão de obra) e poucas colaborações conseguirá publicar em revistas de alto fator de impacto e dar continuidade a sua carreira se não trabalhar dobrado para realizar experimentos e se manter atualizado com a literatura de sua área.

Trabalhando fora de época: a rotina de um acadêmico

Desesperado por manter as suas posições, a regra é ver acadêmicos trabalhando durante as suas férias ou em épocas festivas, como Páscoa, Natal e Ano Novo.

Algumas áreas de pesquisa são muito exigentes por natureza: por exemplo, biologistas moleculares não podem deixar suas culturas celulares, que podem levar semanas para serem estabelecidas, simplesmente morrerem por falta de cuidado durante o período de férias.

Entretanto a regra é que todos os pesquisadores, independentemente de suas áreas, estão sob algum tipo de pressão: eu mesmo obtive um dos resultados que salvou a minha tese na noite de um sábado, 23 de dezembro. Meu tempo de bolsa era curto e precisava conseguir resultados para fechar o capítulo mais importante da minha tese e dar planejamento a experimentos futuros. A pressão me fez (assim como faz a muitos pesquisadores) trabalhar 60 horas por semana ou mais, independentemente da semana. Durante o meu doutoramento, muitos pesquisadores diziam que iriam pular a folia no “bloco do departamento”, em uma alusão aos blocos de prédio aonde os laboratórios se encontravam.

Entretanto, a grande verdade é que parece que pesquisadores ao redor do mundo inteiro não possuem um período pré-determinado para trabalhar, ao contrário de muitas profissões, que possuem hora para entrar e para sair (o famoso das 9 às 5). Um estudo conduzido por um pesquisador sênior do The BMJ journal e publicado na própria revista mostra que 14% das mais de 49.000 submissões de artigos e 18% das mais de 76.000 revisões por pares foram realizadas em dias do final de semana. Quando analisados feriados, as probabilidades de submissão e revisão por pares continuaram em 13% e 12%, respetivamente, mostrando que a cultura de trabalhar em excesso é a realidade no meio acadêmico. Tal fato parece ser ainda mais crônico na China, em Taiwan, na Coréia do sul e no Japão, aonde a cultura de disciplina e trabalho parece se fundir com a pressão acadêmica. Dentre os países ocidentais, Itália, Espanha e França também apresentam alta probabilidade de submeter manuscritos ou revisões pelos pares fora dos períodos convencionais de trabalho.

Tenha uma vida balanceada: mantenha um equilíbrio saudável entre trabalho e vida

Para a maioria dos acadêmicos, a paixão pelo trabalho é inegável, e a pressão por fazer mais e melhor pode se tornar uma desculpa para se trabalhar mais e mais. Entretanto, apesar de toda pressão existente no meio acadêmico, ter uma vida balanceada é importante inclusive para a sua produtividade.

Ter um equilíbrio saudável entre trabalho e vida social significa alocar a quantidade correta de tempo no trabalho para conseguir conciliar outras atividades sociais e familiares. Tal fato leva, em última instancia, a um melhor planejamento da rotina de trabalho e das tarefas a serem executadas no dia a dia. Ainda, restringir o seu tempo de trabalho necessariamente estimula a criação de novas parcerias e colaborações: tal divisão de tarefas leva a uma maior especialização em diferentes áreas do conhecimento, melhorando as práticas de trabalho como um todo.

Dentre estas boas práticas que melhoram a qualidade de vida dos pesquisadores e alivia o estresse de trabalhar ainda mais, vale a pena ressaltar os serviços de escrita e revisão pagas. Como falantes de português não nativos em língua inglesa, escrever manuscritos em Inglês pode tomar muitas preciosas horas do pesquisador que poderiam ser utilizadas em coisas mais importantes, como planejar e executar experimentos ou ter mais tempo livre com a família.

Como um excelente exemplo, a Enago possui um serviço profissional de revisão de textos que inclui a checagem de linguagem e gramática, o estilo do texto e sua consistência, a precisão em utilizar termos técnicos e formatação do manuscrito.

Utilizar um serviço Premium como este certamente elimina erros de linguagem inerentes a não nativos de língua inglesa e permite ao pesquisador ter mais tempo livre para balancear a vida pessoal com a profissional. Assim, aproveite que boa parte desses serviços profissionais oferecidos pela Enago possuem descontos nos períodos de férias e relaxe: saia com os seus amigos, divirta-se e, na volta das férias, tenha um artigo escrito impecável como nenhum outro!

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